


O X Concurso Literário de Vila Pouca de Aguiar de 2025, promovido pelo Município de Vila Pouca de Aguiar em colaboração com o Agrupamento de Escolas, teve como tema “Unidos pela Paz”, na modalidade de poesia, e contou com 15 participações de alunos e sete vencedores.
Foi nas comemorações do 25 de abril, na Sessão Solene, que os prémios do X Concurso Literário de Vila Pouca de Aguiar foram entregues, com direito à leitura dos poemas pelos alunos que venceram em cada categoria. O Notícias de Aguiar esteve presente e considerou que, além da qualidade dos poemas, fazia sentido exaltar o trabalho dos alunos vencedores. Com sete vencedores distribuídos por grupos em relação ao ciclo de ensino, Grupo B (5º e 6º anos), Grupo C (7º, 8º e 9º anos) e Grupo D (ensino secundário), fomos entrevistar os três vencedores de cada escalão.
Camila Morais, 11 anos

No Grupo B, o primeiro lugar do pódio foi para Camila Morais, aluna do 6º A, que intitulou o seu poema de “O Servo do Povo”.
A mãe foi a grande impulsionadora da sua participação no concurso. “A minha mãe viu o cartaz e perguntou se me queria inscrever e eu disse que sim”. Quanto à inspiração, Camila Morais responde com prontidão. “Inspirei-me no Presidente da Ucrânia porque tentaram humilhá-lo, e eu achei que isso não era correto e quis fazer um poema para falar dele”. Para se inspirar para o poema, a vencedora conta-nos que fez “uma pesquisa sobre o que tinha acontecido na Sala Oval com o Donald Trump, fui pesquisando sobre o Presidente da Ucrânia e fui tirando algumas ideias para depois escrever o meu poema”. Fez maioritariamente pesquisa na internet, e também junto dos pais para ajudar contextualizar o tema.
Quanto ao facto de ter ficado em primeiro lugar, é com alegria e um sorriso no rosto que Camila diz ao Notícias de Aguiar que ficou muito feliz. “Achei que o meu poema estava bom e que tinha hipóteses de ganhar, mas não esperava assim ‘muuuuito’ que ganhasse e fiquei muito contente e animada”.
O Servo do Povo
As pessoas olham ao seu redor?
Às vezes parece que não,
Estão sempre com sete pedras na mão
Sempre prontos para as atirar
Com vontade de o humilhar.
Comediante e ator,
Ele é superior,
Alvo número um marcado pelo inimigo
Para ele qual será o pior castigo?
Com o seu fato barato
Sua força e ardor
Constrói-se o herói global,
Que representa um povo que grita de dor.
Pela paz vai continuar a lutar
E nada mais o fará parar.
Autora: Camila Morais
Dulce Sarmento, 13 anos

Aluna do 8º A, Dulce Sarmento foi a vencedora do escalão C. O seu poema tem o mesmo título que o tema do concurso e diz ao jornal que quem teve a ideia da inscrição no concurso foram “os meus pais e eu concordei com eles, até porque era uma boa forma de praticar a minha escrita, e se ganhasse algum prémio, também era um dinheirinho que dava jeito”, diz entre risos tímidos.
“Inspirei-me no que o mundo está a passar, no dia-a-dia, na guerra da Ucrânia e em Gaza também e num tema que coincidia com o tema do concurso”, explica a aluna. O seu poema teve uma boa rede de apoio, uma vez que “fiz algumas perguntas aos meus pais, pedi ajuda para algumas rimas quando falhavam palavras, e também fiz perguntas aos meus avós e a alguns familiares mais afastados”.
Quando perguntámos como se tinha sentido quando soube que era a vencedora do seu ciclo, esboça um sorriso e afirma “fiquei impressionada porque não estava à espera do primeiro lugar, estava a pensar em terceiro, com sorte, porque demorei um bocadinho, mas senti que estava giro o poema. Não estava mesmo à espera, mas fiquei muito feliz”.
Unidos pela Paz
Vozes choram na alvorada,
sombra escura sobre o chão,
Gaza ferida, abandonada,
Ucrânia em devastação.
Crianças sem um abrigo,
mães de olhos sem olhar,
velhos sem pão nem amigo,
vidas presas ao chorar.
O mundo olha e esquece,
segue a vida sem sentir,
mas a guerra não adormece,
continua a consumir.
Gritos rompem o silêncio,
noite negra sem luar,
cada bomba é um indício
de que o homem quer matar.
E que culpa têm os rostos,
dos meninos sem manhã?
Trazem sonhos já depostos
sob escombros e aflição.
Mas se há dor, que haja um grito,
que desperte a humanidade,
um clamor forte e infinito
por justiça e liberdade.
Que não seja só memória
o que hoje se perdeu,
que amanhã outra história
traga a paz ao que morreu.
Quantos mais terão de ir,
sem regresso, sem lugar?
Quantos corpos vão cair
antes de o mundo acordar?
Unamos nossas vontades,
levantemos nossa voz,
pela paz, pelas cidades,
pelos que choram a sós.
A bandeira branca erguida,
mãos unidas a lutar,
que a guerra seja esquecida,
que a paz venha a reinar.
Onde a bomba cai em cheio,
que nasça um novo jardim,
onde a dor fizer seu meio,
que haja um recomeço enfim.
Pois os povos não são guerra,
não são armas, não são dor,
são a vida sobre a Terra,
são desejo, sonho e cor.
Que os meninos brinquem livres,
sem destroços a pisar,
que seus risos sejam hinos
sem mais medo a sufocar.
Que os tambores de batalha
sejam sons de festival,
que a tristeza já não valha
na promessa universal.
Que a Ucrânia veja a aurora,
que Gaza volte a sonhar,
que o clamor do mundo agora
seja um brado a ecoar.
Que os fuzis fiquem calados,
que os mísseis sejam nada,
e que os povos desarmados
sigam livres sua estrada.
Que os acordos não sejam falha,
que os tratados sejam lei,
que a verdade não se apague,
que o futuro se refaça em rei.
Que as nações não se dividam
por bandeiras e poder,
mas que todas se unifiquem
pela paz a florescer.
Unidos sejamos fortes,
pela paz, pelo amanhã,
façamos dos nossos nortes
um só rumo e um afã.
Cada verso seja um passo,
cada passo seja um grito,
por um mundo mais escasso
de injustiça e de conflito.
Que esta prece feita em canto
seja ouvida, seja luz,
e que a paz vença o pranto,
pela Terra, por Jesus.
Que este poema ecoe como um pedido sincero de paz para todos os que sofrem com a guerra.
Autora: Dulce Sarmento
David Almeida, 16 anos

No Ensino Secundário o prémio de primeiro lugar foi entregue a David Almeida, da turma A do 11º ano.
“Tive eu a ideia de participar no concurso, foi solitária, mas com um pouco de ajuda do meu professor de Português” que o incentivou a ir em frente.
David Almeida não teve dificuldades em produzir o seu poema. “Não me inspirei em grande coisa, fui basicamente eu sozinho, fiz durante uma tarde”. Disse ao Notícias de Aguiar que não precisou de fazer perguntas a ninguém porque acabou por juntar o que “lhe ia na cabeça” mais as pesquisas na internet. “Fui vendo umas palavras na internet, escrevi à vontade, mas sem nada assim de extra”.
Aquando da pergunta sobre a reação ao saber que tinha vencido no seu escalão, admite que “não estava à espera de ganhar”. Conta ainda ao jornal que “um amigo meu telefonou-me no dia anterior e disse-me que achava que eu ia ganhar porque o professor até brincou com ele, a dizer que um aluno do 11º ano tinha ganho o prémio, mas não me disse quem era”, reforçando que não estava mesmo a contar ganhar este concurso na categoria do Ensino Secundário.
A última voz
Se a paz é um eco, que grite mais forte,
Que rompa os muros, que rasgue o véu!
Se a guerra é um jogo que lança à sorte,
Que seja o homem a erguer-se ao céu.
Já basta de sombras, de prantos e cruzes,
de sangue que corre sem fim, sem razão.
Que as balas se calem, que as mãos se recusem
A erguer sobre a vida mais uma prisão.
Que a voz sufocada renasça em brado,
Que o medo se curve, vencido ao chão.
Que a paz não dependa de um fio, de um fado,
mas sim da coragem de um só coração.
Se a guerra é um ciclo, que seja quebrado,
que o mundo desperte da escuridão!
Autor: David Almeida
Recorde-se que no Grupo C (7º, 8º e 9º anos) o segundo lugar foi atribuído a João Lourenço com “Unidos Pela Paz”, e em terceiro lugar ficou Beatriz Campos com “Unidos Pela Paz em Terras de Aguiar”. No Grupo D (Ensino Secundário), na segunda posição ficou Rodrigo Afonso, com “A Paz que habita”, terminando em terceiro lugar Pedro Sousa com “Unidos Pela Paz”.
Ângela Vermelho
Fotos: Beatriz Ribeiro e CM VPA








